Já reparou que a sociedade é constituída de grupos de pessoas cada
vez mais fechados, se relacionando entre
si conforme suas afinidades, sem dar oportunidade para os demais? Somos seres
com instinto de grupo, isso é inegável. Porém, esses grupos, muitas vezes se tornam tão evidentes que
chegam a ser apelidados de “panela”. Pois é, ninguém gosta de ouvir dizer que
faz parte de uma, porém quase sempre participamos. Sem perceber e muitas vezes
de propósito mesmo, afastamos as pessoas ao redor, só permitindo que esse ou
aquele participe.
A maneira de dizer para uma
pessoa que ela não faz parte de seu círculo social é mais comum do que se possa
imaginar. Você já deve ter presenciado, ou mesmo participado ativamente, de uma
cena assim: Você está numa conversa animada com seus amigos mais chegados
quando uma pessoa entra no recinto. A conversa para e imediatamente alguém diz:
Precisa de alguma coisa? Algum problema? Se a pessoa precisa de algo ou
não, isso é irrelevante. O que é evidente é que não a querem na conversa.
Muitas vezes as pessoas entram com vontade de participar, se enturmar, mas com
essa ducha fria, acabam por sair chateadas.
Eu vejo casos de pessoas que se
dizem abertas e sem preconceito, porém suas atitudes demonstram o contrário.
Isso é perfeitamente percebido no mercado de trabalho onde se encontra inserido
pessoas deficientes, como manda a lei* (lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, art. 93): Pessoas sendo tratadas como
bichinhos de estimação, como “coitadinhas”, declaradamente como “inferiores” e
em alguns casos, com discriminação velada.
Somos todos iguais! Tornou-se um chavão.
Todos têm na ponta da língua frases de efeito como essa, mas que na realidade não é verdadeira.
Pensemos numa das tais panelas
agora. Juntemos um ser com certa deficiência intelectual num ambiente de
trabalho onde pessoas se relacionam como amigos afins. Naquela situação acima,
se esse deficiente adentrasse o local durante uma reunião informal, onde a
conversa estivesse animada e, com esse preconceito mascarado, o que
aconteceria? Nem preciso imaginar, seria uma risada alta ali, outra aqui e,
menosprezo.
Eu fico decepcionada com o ser
humano!
Outro dia numa conversa sobre um
desses funcionários, sobre ele precisar de ajuda no banheiro, por ser uma pessoa que usa sonda, o comentário
que escutei foi de deixar qualquer um desolado:
“Ah! Qual é! Agora ele vai dizer que precisa de alguém até para trocar
suas fraldas?”
Parem o mundo! Eu também preciso
descer...